Mayara Viegas
@1relicario

Samuel, em quadra, defendendo a Seleção Brasileira. Foto: nipobrasileiro.wordpress

O primeiro perfil de jogador do Linha das 5 é do ponteiro Samuel Fuchs. Por quê? Porque sou eu quem estou escrevendo e eu quero.

Bom, o Samuca é curitibano e pisciano nascido em 4 de março. Com apenas 28 anos, o ponta brasileiro já escreveu seu nome na história do voleibol: Nas seleções de base, conquistou três títulos, sendo eles o Sul-Americano Infanto-Juvenil, o Mundial Infanto-Juvenil e o Sul-Americano Juvenil. Na seleção brasileira, em 2005, venceu a Liga Mundial, o Sul-Americano e a Copa dos Campeões. Em 2006, colecionou títulos na Liga Mundial e no Campeonato Mundial.  Já em 2007, também pela seleção brasileira, além de ter conquistado a medalha de prata na Copa América, foi campeão pan-americano e sul-americano. Nessa época, foi considerado o sucessor de Giba na Seleção. O nosso eterno capitão, já brincou: “No dia em que o Samuel souber do potencial que tem, eu penduro a joelheira.”

Samuel, o mineiro

Samuel em quadra pelo time de Belo Horizonte na última temporada. Foto: Orlando Bento/MTC

O ponta curitibano é prata da casa da equipe do Minas, desde a época que era patrocinada pelo Telemig e se chamava Telemig Celular Minas, e e está em segundo lugar entre os atletas do time com mais finais da Superliga. Pela equipe minatenista, Samuel disputou a decisão da competição nacional três vezes! A primeira vez foi em 2001/2002, logo depois de deixar as categorias de base do clube, e ainda ajudou na conquista do título. Na temporada 2005/2006, o Minas do Samuel, voltou a ser finalista, mas ficou em 2º  lugar, perdendo para a extinta Cimed. No ano seguinte, o Minas teve chance de revanche, encontrando novamente com a equipe de Florianópolis na briga pelo título e o time de Samuel ficou com a taça, em sua terceira final. Nesse ano, Samuel foi eleito o melhor jogador da competição, com apenas 22 anos de idade.

Nessa última temporada, o VIVO Minas recebeu um reforço do próprio elenco: Samuel, recuperado de um incômodo no ombro direito que o deixou quase quatro meses sem poder atuar em alto nível, saiu do banco nos jogos do Campeonato Mineiro e em jogo decisivo do Campeonato Sul-Americano: “Fiquei quase quatro anos sem jogar direito. Não é fácil para um atleta ficar assim. Jogar o Mineiro está sendo importante para mim, estou ganhando ritmo e potência. Não vou desistir, estou me adaptando e pensando positivo”, afirmou o ponteiro, que destacou o Estadual como processo de evolução pós-lesão.

Samuel fez história em outros clubes, inclusive em outro clube de Minas Gerais, o Sada Cruzeiro, em 2009: "O Samuel é um atleta espetacular, de muita força física e um atacante versátil, que atua tanto na ponta quanto na posição de oposto. Com certeza ele vai dar muitas alegrias para a nossa torcida" elogia o então diretor esportivo da equipe de Contagem, Flávio Pereira.

Torcedoras do Sada Cruzeiro demonstram carinho por Samuel. Foto: Divulgação Sada Cruzeiro

Samuel, o colírio

Ex-colegas de seleção, Samuel, Serginho e Giba se distraem antes do treino. Foto:  fotolog.com/samuelfuchs

Bem, estamos entre garotas e, meras mortais, somos obrigadas a concordar: Samuel é um dos jogadores mais lindos da Superliga e chama toda a atenção por onde passa. Quem  nunca correu para assistir um jogo da seleção na TV, mas na verdade estava correndo para ver o Samuel jogar? Não é a toa que nosso Samuca já foi eleito Colírio pela Capricho e está sempre entre as listas dos jogadores de vôlei mais bonitos em vários sites, como o do Esporte Interativo.

Samuel, o "ouvido por Deus"

Rapaz de família: Samuel entre o pai, a irmã, Ursula, e o irmão, Christopher. Foto: Arquivo Pessoal

Samuel, na verdade, nasceu em São Paulo e com 15 dias foi para a capital do Paraná com o casal de alemães Ursula e Hans Fuchs, seus pais adotivos: “Não sei qual seria o meu destino se não fosse por eles. Eu poderia estar num orfanato ou virar menino de rua”, conta o jogador de vôlei. Treinava Ginástica Olímpica enquanto estudava, mas aos 14 anos decidiu jogar voleibol.  Depois de três anos, chamou a atenção do Minas Tênis Clube, onde ganhou seus principais títulos por clubes.

Em 2007, dois dias antes da partida decisiva da Superliga, o seu irmão mais novo, Andreas Fuchs, morreu em um acidente de moto. Samuel entrou em quadra, foi eleito o melhor jogador da competição e dedicou a taça ao irmão: "Ele é mais do que um irmão. Tenho pouco a falar neste momento. A vida nos prega algumas surpresas. Apesar de eu ser adotado, tinha um relacionamento muito próximo com o Andreas. Era meu irmão caçula. Se fizéssemos um exame de DNA, tenho a certeza que comprovaria que ele é meu irmão de sangue. Esse título é para ele. Sei que ele lá de cima está torcendo por mim e vai ajudar todos os meus familiares a superarem este momento - disse Samuel, ao ser indagado sobre o acontecido com o irmão, com lágrimas nos olhos.

O ponta já atuou na Rússia e a experiência lhe deu a oportunidade de continuar na seleção, mas também uma lesão no ombro que quase o deixou de fora das Olimpíadas. A lesão fez o jogador romper contrato com o time russo, Lokomotiv Belgorod, e voltar ao Brasil para se tratar com os médicos da seleção. Samuel nem precisou ser operado e voltou na Liga Mundial. Nas três primeiras rodadas do campeonato, liderou o ranking dos atacantes da competição.

Samuel curte cinema e livros, inclusive de biografias. Das biografias, a que mais gostou foi do ídolo do basquete norte-americano Michael Jordan.

"Ouvido por Deus": esse é o significado do primeiro nome do nosso ponteiro homenageado. Deve ser verdade, porque com tão pouca idade, Samuel é um dos jogadores de vôlei com extensa coleção de títulos; além de ter conhecido os anjos da sua vida com apenas 15 dias. Não sabemos qual será o rumo que Samuca vai seguir para a próxima temporada, mas que desejamos que seus caminhos sejam muito bem guiados. Força, foco e fé, Samuca! Te amamos.